Réstia de Sol
"Tenham coragem.Não tenham medo de sonhar coisas grandes!" Papa Francisco
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sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Não sabia que eu te amava tanto assim!
 Uns diziam que ela não "vingaria" já que nascera tão magrinha, tão doentinha, a oitava filha de minha mãe, a dona Carmem ou Carminha, como era chamada. E que ela ia ter uma vida muito sofrida. Mas outros diziam que valeria a pena ser cuidada pela avó que vivia na roça, que criava cabras no imenso quintal rodeado de muito verde! Ela insistia em querer viver e isso foi tão importante. Porque a vida dela era importante para algumas pessoas  daquela casa. Em 07 de agosto do ano de 1970, na cidade de Piquete, ela nasceu e por muitas pessoas ela foi tratada como se fosse alguém inferior. Pior que isso, era tratada como se não fosse pessoa da própria família. Pior ainda, era tratada como se fosse incapaz de aprender qualquer coisa. E só era bem tratada o suficiente para permanecer com saúde e poder fazer companhia para a avó. Em outros lugares, ela quase nunca visitava, devido a dificuldade e a falta de vontade mesmo. Ou eram os irmãos ou era a mãe quem tinha de ir lá, na Tabuleta. Mas então, muito tempo depois, que essa oportunidade de passear existiu, pra valer, na vida dela. Porque a casa onde ela, os tios e avós tinham morado ficava distante da cidade. Então eles mudaram para bem perto de nós. O avô não tinha diploma, mas tinha sabedoria, tinha o tipo de educação necessária para conseguir um emprego remunerado. Então, deixou a roça para trás e veio trabalhar na Fábrica Presidente Vargas. Foi nessa época que nossa amizade tornou-se sólida e passamos a conviver diariamente. A avó acordava com as galinhas, naquela hora em que até o dia ainda está em dúvida se vai raiar. Como sempre fazia, desde quando morava na roça. A menina magricela e bonitinha pulava da cama e logo tratava de ir à cozinha que ficava no quintal, um rancho de pau-a-pique com fogão a lenha,tão modesto quanto aconchegante. Lá tomava um gole de café e comia fubá torrado ou café com farinha de milho na caneca de alumínio. Se aproximava do tanque, lavava a cara, ajeitava o cabelo, penteando-o com as mãos. Em seguida, jogava milho pros galos, galinhas, patos que ocupavam boa parte do quintal, chão de terra limpinho, sem nenhum mato, pois as aves se encarregavam disso. E só depois disso que ela ia comigo pra rua pra gente sentar e conversar lá no banco de madeira feito pelo nosso avô. E assim, você Rosilene, passou a gostar tanto de mim que dizia que moraria comigo após a morte da nossa avó. Mas acontece que muita coisa mudou, para dizer a verdade, quase tudo mudou!
E hoje? Hoje meu coração está sem direção, sem acreditar que não irei mais te encontar, que não irei ouvir mais o celular tocar o dia inteiro, que não verei mais você do outro lado, sempre deitada quando conversava comigo.
Não sabia que eu te amava tanto assim, não sabia a falta imensa que você faria em minha vida, não sabia o quanto fazia bem para mim em dar boas risadas de suas "atrapalhadas" dentro do circular com seu Tio Ley que você amava tanto.
Hoje eu sei, eu te amei muito e, na maioria das vezes, fui uma irmã amorosa, "sem xingar, sem gritar" com você Rosilene!
E compreendo também seu desejo de partir sem a minha presença.Talvez meu coração não suportasse tanta dor, a dor que está dentro do meu coração pela sua ausência.
Ah! Rosilene, eu não sabia que te amava tanto assim! E tampouco que você iria embora sem se despedir de mim!
Com tanto amor, sua irmã do coração, como você me dizia! Neia
sábado, 3 de junho de 2023
A menina do vento
A menina do vento
     No cantinho do meu quarto a menina fez morada
     Tem encanto e tem magia na casinha tão sonhada
    Tem a lua e tem o sol ou qualquer outra estação
           Transformando minha vida com leveza e inspiração!
            No cantinho do meu quarto tem história e invenção
        Tem o amor de uma menina e a ternura pelo cão
       Sem destino e incerteza na chegada e na partida
   E reacende a esperança em cada despedida!
            Nesta morada encantada tem uma menina valente
     Esta menina tão sábia, inquieta e irreverente
     Ela fala o que pensa e esconde o que sente!
A vida desta menina é música e ventania
     Trazendo pra mim aromas, afetos e melodia
       Ela é livre como o vento em busca de alegria!
Para Luísa ...com amor vó Rosana
03/06/2023......Luísa faz 9 anos!
quinta-feira, 2 de junho de 2016
Lista de coisas que me deixam feliz!

O canto do galo pela manhã
O cheiro bom do café na cozinha
A família abençoada
O sorriso das três netas
Pizza com manjericão
O cachorro no quintal
O livro
O domingo
A praia
O vento
A chuva
E o girassol
Escrever, trabalhar
Ficar em casa
Poder ajudar
Apenas viver
Pra ver ...
O arco-íris !!
Rosana Silva
quarta-feira, 30 de março de 2016
Para além do tempo...
Ao escolhermos uma fotografia para ilustrar um poema, estamos estabelecendo completude entre eles. Ela não esgota, é claro, as possibilidades que os versos dão à imaginação, mas, se bem escolhida, pode dar aos olhos uma amostra do que os versos conseguem provocar.
Ah! Se sua história fosse um raio de sol!
Seria, irresistivelmente atraente, forte...
Tão intensa de graça, tão fascinante de luz!
Tão cheia de mistérios e caminhos que seduz!
Ah! Se sua história fosse um labirinto!
Seria, desordenadamente complicado...
Tão difícil desvendar, tão fora da razão!
Tão cheia de coragem e impulsos de emoção!
Ah! Se sua história fosse uma verdade!
Seria, essencialmente perturbante...
Pra viver...tanta coisa importante!
Ah! Se sua vida fosse uma história!
Seria, certamente, história de superação!
Pra vencer...com propósito e direção!
terça-feira, 30 de junho de 2015
1985 ... 2015
Naquela manhã do início do inverno, as ruas ainda se desmanchavam entre neblina e orvalho quando saíram de bicicleta em direção ao hospital da cidade.
Também naquele domingo, as nuvens fugiram do céu e as pessoas descansavam silenciosamente, pois não queriam perder o encantamento da história (acabara os anos de chumbo: fim da ditadura militar).
Tinha certeza de que aquela situação estivera me esperando por longos meses a fio.Os minutos e as horas transcorreram como num sonho.
Os olhos com discreta serenidade daquele pai congelaram o tempo e as lembranças daquele dia. Assim, não foi preciso nenhuma explicação para mudança de seu nome.
Naquele 30 de junho, conheci o prazer de ser mãe, de explorar caminhos que se abrem em nossa alma, de abandonar-me à beleza e ao mistério da vida e de Deus.
Então,sua presença enchia de esperança cada canto daquela casinha dos fundos.
O tempo passou... E durante muito tempo a imagem guardada no coração foi a de seu nascimento: um parto sofrido demais... como um silêncio cheio de lágrimas que eu ainda não tinha aprendido a descrever com palavras.
Para Marcella,
Com amor, mãe Rosana
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