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segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Canto do Galo





             Inconscientemente,  a casa rosa, única de alvenaria,  jamais seria esquecida por aquela menina que à sua  maneira brincava naquele chão de terra vermelha, varrido todas manhãs com vassoura de "mato", que sua avó amarrava com cipó. Havia naquele quintal uma casinha de pau-a-pique tão limpinha e coberta de sapé, com um fogão à lenha que aquecia tanto a alma quanto as panelas de ferro.
           Madrugadeira, sua avó dizia que acordava com o canto do galo. Em seguida, ia pegar água na bica pra fazer o café da manhã. Enchia as garrafas, arrumava as marmitas e ajeitava tudo no "emborná".
           O destino do casal era a roça, acompanhado pelos vira-latas "Neguinho" e "Vinagre" que estavam sempre deitados no degrau da casa rosa.
          Quando o dia chegava ao fim, a noite trazia a magia com a luz escassa e amarelada da lamparina, o pisca-pisca dos vaga-lumes e o coaxar ininterrupto dos sapos. Aquele quintal era cheio de vida, de sons e de cores que insistem em minha memória.

Laços de antepassados



Com a mudança de um novo vizinho em frente à minha casa veio à tona lembranças tão distantes, que jamais ousaria recordá-las não fosse a interminável cantoria desse galo que pertence, é claro, ao novo vizinho.
A casa era rosa, parecia imensa, única de alvenaria naquele bairro. Uma menina corria alegremente naquele chão de terra vermelha, enquanto seu avô varria as folhas e miúdas flores caídas no degrau da casa. Em seguida, ele sentava nesse mesmo degrau, tirava do bolso um canivete, desenrolava um lenço malcheiroso, pegava o fumo de rolo e passava horas e horas cortando bem fininho aquele pedaço de fumo.
Sua  avó chegava de mansinho, trazendo na caneca de alumínio, o café que acabara de passar no coador de pano. " Zé, cadê a palha? '' Sem falar nada, retirava de uma lata enferrujada dois pedaços de palha bem cortados e entregava a ela, que enrolava o fumo e fazia os cigarros. Quase sem diálogo, o casal acendia os ''paeiros ",  a menina parava de correr, sentava e  rabiscava o chão.
Silêncio. Ausência. Abandono.
Ah!  ...o  galo!? Que importa?



Rosana Silva

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Efeitos da pregação de Francisco na rede social

'' Não trago ouro nem prata, mas lhes trago o que de mais valioso me foi dado: Jesus Cristo."    Papa Francisco


O trigo do Evangelho é a palavra de Deus; os espinhos, as pedras, os caminhos e a terra boa em que o trigo caiu, são os diversos estados do coração do homem. O Papa Francisco semeou o trigo em sua passagem em nosso Vale do Paraíba, que é a palavra de Deus.
O pontífice lançou a rede, mas não aquela dos apóstolos pescadores, ( Mt. 4,19). Refez Francisco a sua rede: do fio e do nó de ações rápidas, claras, distintas e... modernas! A rede social que também  havia de pescar homens!





" Se Cristo bota fé nos jovens, o Papa Francisco aposta nas redes sociais para levar a Palavra de Deus à juventude. Desde que assumiu o papado, o pontífice se tornou uma representação de mudanças e modernidade à frente da Igreja. E um de seus maiores aliados nessa missão de cativar novos e antigos cristãos é, justamente, o uso bastante frequente da internet e redes sociais."http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/07/papa-francisco-bota-fe-nos-jovens-e-nas-redes-sociais.html


terça-feira, 23 de julho de 2013

Reflexões sobre as formas de conhecermos novos lugares




www.restaurantevernissage.blogspot.com



Em suas idas e vindas, você trouxe verdadeiras reflexões sobre as formas de conhecer novos lugares. Suas viagens pelo Brasil, Alemanha, Chile, Estados Unidos revelam através
de seus registros ( imagens, vídeos e e-mails) que podemos viver grandes transformações na experiência de se viajar. Fica evidente seus sentimentos mais profundos com o passar do tempo e da distância.
Não por acaso, você é uma viajante que busca conhecer gente e lugares, desenvolvendo com eles uma relação de afeto, encanto e algumas vezes "compaixão."
Essas viagens, é bom ressaltar, não pertencem somente a você, elas são formas de meditação, de interação entre o passado e o futuro. São relatos autobiográficos, são crônicas de viagens, são poemas escritos nas chorosas despedidas, com lágrimas que continuam a ser derramadas, mesmo quando o avião já se encontra muito distante.
Mas, a diferença que você aponta é tão profunda quanto seus registros: trata-se da existência de diferentes formas de viver, nem sempre alegre, porém intensa,  de estar mais aberto para se encontrar com outras pessoas, de comprimir-se na multidão, de acostumar-se com as horas perdidas nas mudanças de fuso horário, na observação dos caminhos visitados, nas fadigadas - ou não - noites mal dormidas, na busca pelo alimento que sacia a fome, mas não a saudade, no vocabulário limitado ou com notável fluidez, na contagem dos dias e, na ansiedade, fruto da pressa, pelo ponto de chegada!
Entretanto, você traz em suas malas, além de suas compras, a recompensa mais preciosa - o autoconhecimento. É ele que permite encontros profundos, mesmo que fugazes, entre pessoas que não se conheciam. Unem-se, assim, uma forma de se relacionar com o tempo, lugares, coisas e pessoas.

Dedico essa crônica a uma viajante especial,

Com carinho,


 Rosana Silva

Casamento - Adélia Prado






Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Ed. Siciliano - São Paulo, 1991, pág. 252.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Sites educativos

                                                             http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Videoteca/tabid/179/language/pt-BR/Default.aspx



                                                                                                        



DELL’ISOLA, Regina L. P. Leitura: inferência e contexto sociocultural. Belo Horizonte: Formato, 2001.

DOLZ, J. OLLAGNIER, E. O enigma da competência em educação. Porto Alegre: Artmed, 2004.

FDE/SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Relatório pedagógico SARESP 2011. Disponível em:http://saresp.fde.sp.gov.br/2011/Pdf/Relat%C3%B3rio_Pedag%C3%B3gico_L%C3%ADngua_Portuguesa_2011.pdf. Acesso em: 16 jul. 2013.

MACEDO, Lino de. Competências na educação. Disponível em:http://www.rededosaber.sp.gov.br/contents/SIGS-CURSO/sigsc/upload/br/site_25/File/competencias_na_educacao.pdf . Acesso em: 24 jul. 2013.

MACEDO, Lino de. Competências e Habilidades: Elementos para uma reflexão pedagógica. Disponível em:http://www.cefetsp.br/edu/eso/competenciashabilidades.html. Acesso em: 24 jul. 2013





A todos os envolvidos com o ensino e aprendizagem da leitura e da  escrita.
Acessem, é imperdível!!!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Currículo e as Atividades Docentes




Iniciei este trabalho com uma imagem que deveria estar no final do relatório do curso “O Currículo e as Atividades Docentes – Língua Portuguesa – Ciclo II e Ensino Médio – Módulo II Literatura em foco.” A partir desta imagem relembrarei as dinâmicas vivenciadas, as experiências bem-sucedidas, as lições retiradas das situações inibidoras, as ações e reflexões que desenvolvi durante o curso sob orientações apresentadas pelas PCOPs responsáveis: Eliane Cristina e Lúcia Calderaro. E então, começarei a confeccionar este trabalho, que servirá de apoio ao meu trabalho em sala de aula.


E.E. Severino Moreira Barbosa
Rua S.Azevedo N° 333
Cachoeira Paulista/SP


É importante ressaltar que neste espaço pedagógico me deparei com as inúmeras possibilidades de transformações significativas a partir de momentos mais apreciados por mim durante o curso: os da Leitura expressiva de diferentes textos, que compõem o repertório literário de autores consagrados, de tal forma que percebi a riqueza dos diversos estilos de linguagem.






Pude perceber que, para essa atividade, é importante que o professor goste de ler qualquer gênero, que tenha o prazer de compartilhar com os alunos a magia, a fantasia, as ideias, as verdades que os autores querem revelar para seus leitores, especialmente no que se refere ao ler para apreciar, fruir e para conhecer.









       “Saber singular, conhecimentos pragmáticos, utilitários...”.

           “Nossos clientes... os alunos.”  
(Professora  Cândida)



Com a maravilhosa capacidade de ser criativa, a palestrante Cândida dinamizou mais o espaço reservado para o desenvolvimento do gosto pela leitura, iniciando um trabalho diferenciado conosco, cantando e explorando os jogos de linguagem.
Fez citações do “saber singular”, “dos conhecimentos pragmáticos”, abordando o conceito de que o sentido de tudo está na utilidade ou efeito prático.


  
          A exposição em cartaz: Fernando Pessoa, plural como o universo.

            No dia 31 de outubro de 2010, coube a mim conhecer o universo de Fernando Antônio Nogueira Pessoa ( Lisboa 13 de junho de 1888 a 30 de novembro de 1935), através do percurso da leitura de seus poemas, seus poetas imaginários, de sua pluralidade e multiplicidade de elementos.







            “Tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
            (Fernando Pessoa)






             “A arte é a autoexpressão lutando para ser absoluta.”
             (Fernando Pessoa)







“Se depois de eu morrer, quiserem escrever minha biografia. Não há nada mais simples. Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus.”
(Fernando Pessoa/Alberto Caieiro)





          “Escrever é esquecer. A Literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.”
          (Fernando Pessoa)








Material de Apoio

           Com o objetivo de ajudar-me a tornar meus alunos conhecedores e apreciadores dos textos literários, os Cadernos do Professor - LPT e Literatura, DVDs: TV Escola - vídeos 1 e 2, Teatro, poesia e cordel foram caminhos  seguro para a melhoria da qualidade da educação.
            O material foi organizado de modo a servir de referência, de fonte de consulta e de objeto para reflexão e debate quanto ao domínio da língua oral e escrita. Trouxe ferramentas para capacidade de aproximação de obras e realidades distintas e, por fim, o desenvolvimento da autonomia intelectual do espírito crítico dos alunos, tornando-os leitores conscientes e autônomos.   





“A arte é um espaço primordialmente promotor de experiência.”
(Walter Benjamim)



Interação com o Prof. José Paulo
Exploração da expressividade da linguagem

            Falar e ouvir, ler e escrever em linguagem verbal ou não verbal, tudo isso faz parte do dia a dia de qualquer pessoa que tenha intenção de se comunicar nos mais diferentes contextos e circunstâncias.
            E ninguém melhor do que o Prof. José Paulo para aguçar a imaginação, aflorar emoções, prender a atenção, estimular o espírito crítico, sem deixar de lado o prazer do novo e do lúdico.
            Comunicação e interação: de você com o texto, de você consigo mesmo, de você com o outro, de você com o grupo. Por isso, as atividades propostas pelo Prof. José Paulo foram bem diferenciadas: ora fui convidada a fazê-las em dupla, ora em grupo de poucos colegas, ora em uma atividade que envolveu a participação de todos, exigindo de nós a utilização de diferentes linguagens.   
            Além das falas, a expressão corporal criou situações de cumplicidade, permitindo um estreitamento entre os limites da realidade e da ficção. E possibilitando que pela arte pudéssemos nos divertir, denunciar algo e provocar reflexão.

“A arte da palavra em sala de aula - a interação com o texto literário”.
Águas de Lindóia.   Junho/2010


“Ensaios de desmontagem literária: em busca do prazer estético.”
(Flávio Desgranges)


            Flávio Desgranges, Doutor em Educação pela USP, inicia sua palestra “Ensaios de Desmontagem Literária: em busca do prazer estético,” comparando o processo pedagógico a artistas em processo. Compreendendo o ato de leitura em processo de criação, processo de tentativa. Assim é a angústia do escritor ante a folha branca, amassa, joga fora, reescreve, experimenta, ensaia, tenta, apaga, ensaiando as várias possibilidades de leitura.
            Ressalta que a escola precisa de professores apaixonados, famintos pela arte de ensinar. Que só se aprendo por experiência, colocando-se em perigo, disponibilizando-se para o risco.
            Cabe a mim o percurso da leitura estabelecida pela experiência. Tomar a experiência artística enquanto relevante atividade educacional estimula o pensamento e a atuação dos educadores.
            Desgranges caracteriza o modo de percepção do indivíduo contemporâneo o que “Walter Benjamim” chamou de “Recepção tátil” – efeito estético que o leitor se identifica como protagonista, o leitor mergulha no universo ficcional. Muda-se a percepção: como a obra mergulha em mim, me toca, me traz à tona e elaboro.
            O professor precisa abrir espaço para experiência do leitor e não se achar no lugar de quem detém a leitura, o conhecimento, a melhor leitura, a mais pertinente.
            Cabe ao professor abrir espaço para a leitura do aluno, para aquilo que lhe toca. Há necessidade de leitura, ressalta Desgranges.
            Assim como os escritores ensaiam no sentido de, experimentar, tentar, apagar, tentar de novo durante o processo de escritura, os leitores podem ser convidados a processos semelhantes para ler um texto. Ou seja, a leitura nesse sentido, passa a ser tomada em seu caráter processual de  aproximações e tentativas.
            O escritor joga com a linguagem, o aluno também pode ampliar seu conhecimento através de ensaio para leitura.
             [A resposta a um texto] Deve ser um outro texto. [...]. Assim o aluno, em vez de se entregar à duvidosa tarefa de descobrir o que o autor queria, entrega-se à criativa tarefa de produzir o seu próprio texto literário. “Rubem Alves”
            Desgranges propõe como desdobramento da leitura “ensaios de prolongamento da leitura”, com o intuito de tornar “texto” o texto lido. De modo que a leitura se faça como criação de outro texto: o texto artístico do leitor.
            Quando o aluno cria um significado claramente pessoal é como uma pérola recolhida no garimpo, vejo o que o processo brilha, a aula resplandece. Esse é o meu objetivo, conclui Desgranges. 





“Literatura: a experiência lúdica como convite à felicidade.”
(Jorge Miguel Marinho)


            Ao assistir à videoconferência citada acima, pude registrar o conteúdo apresentado como oportunidade gratificante em meu processo de aprender a aprender, que certamente complementará o meu interesse pela literatura.
            A literatura é uma expressão solidária e receptiva e é capaz de acolher qualquer tipo de leitor. Portanto ler distraidamente, como simples entretenimento, talvez seja uma experiência de leitura das mais interessantes. E numa situação dessa natureza está presente o comportamento lúdico da literatura.
            A literatura é também um gesto carregado de afetividade, de sugestão, de revelação de aspectos lúdicos, que busca aproximar as pessoas e observar os espaços.
            Segundo Jorge M. Marinho, existem seis traços singulares da literatura:

1.      A literatura como toda arte só se interessa pela condição humana.

2.      A literatura é utópica, aponta e anuncia a possibilidade de um mundo melhor.

3.      A literatura, sobretudo a poesia, é matéria sugestiva e, portanto, passível de múltiplas interpretações.

4.      A literatura é metonímica, isto é, trabalha  com pequenas porções da realidade.

5.      A literatura é essencialmente lúdica porque joga com as palavras, conquista novos significados.

6.      A literatura é sempre reveladora.


“Todo artista aspira a ser lido, nenhum autor deseja ser ilegível ou ignorável.” 
(Umberto Eco)

“Reflexões sobre o ensino de literatura.”
(Regina Resek)

            A partir da leitura de “O texto, o Prazer, o Consumo” de Umberto Eco, Regina Resek reflete sobre o ensino de literatura: o quê ensinar, o como, o que se escreve, quais tipos de leitor modelo. Ter um acesso particular ao mundo do livro e as obras literárias de referência do repertório brasileiro e universal. Estabelecendo um contato sistemático com determinado gênero literário.
            Criar um contexto de trabalho a partir do qual será possível fixar objetivos plausíveis para as atividades de leitura, promovendo diferentes praticas de letramento literário.

“A Literatura na sala de aula”
 (América Marinho)



           Segundo América Marinho a maioria das pessoas não tem acesso à literatura. “novelas, filmes, jornais, programas vinculados pela TV e rádio,” são formas que acabam levando as pessoas para esse mundo diferente da realidade.
            A literatura é humanizadora, indispensável para vida. Por meio da literatura você vê o mundo ao seu redor sendo capaz de enxergar alternativas.
            O acesso à literatura em L. P. T será pela porta da frente, pelo contato direto do aluno com obras literárias selecionadas, desenvolvendo para cada obra a ser lida, um conjunto de atividades articuladas em um pequeno projeto cultural, enfatizando a questão da liberdade do leitor.


“Literatura na Escola Pública.”
(Jeosafá Fernandez Gonçalves)

            Segundo Jeosafá Fernandez Gonçalves, Prof. Doutor da USP, a literatura do século XIX não era para todos, a abordagem era restrita, os textos eram sofisticados, assim como o teatro para as classes privilegiadas. “É um bem a que todos  tem direito, mas nem todos tem acesso.”
            Conforme disse o Prof. Jeosafá Fernandez o Ensino da Literatura na Escola Pública precisa atender a formação intelectual, a formação instigante. Encarar desde a pré - escola textos literários com mecanismos de leitura. Ensinar com profundidade, com maturidade um trabalho interdisciplinar, organizar um currículo, já que os professores do século XIX não eram preparados para ensinar literatura, pois as obras eram adaptadas [mutiladas] para uma análise literária com aspectos sócio-históricos.
            O professor Jeosafá Fernandez nos pergunta: - Qual a razão de estudar literatura se ela vem higienizada? Faz ainda citações das obras de Camões, Abílio César, Gregório de Matos Guerra, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto, Manuel de Barros, Rui Barbosa, Machado de Assis e Lima Barreto.
            O professor precisa ser combativo, militante, “Transformador,” nos diz o professor Jeosafá Fernandez encerrando sua palestra.



Professora:  Rosana Aparecida da Silva





Bibliografia:
   
 











segunda-feira, 15 de julho de 2013

Soneto a Pablo Neruda - Vinicius de Moraes


Soneto a Pablo Neruda

Atlântico Sul, a caminho do Rio

Quantos caminhos não fizemos juntos
Neruda, meu irmão, meu companheiro...
Mas este encontro súbito, entre muitos
Não foi ele o mais belo e verdadeiro






Canto maior, canto menor - dois cantos
Fazem-se agora ouvir sob o Cruzeiro
E em seu recesso as cóleras e os prantos
Do homem chileno e do homem brasileiro

E o seu amor - o amor que hoje encontramos...
Por isso, ao se tocarem nossos ramos
Celebro-te ainda além, Cantor Geral

Porque como eu, bicho pesado, voas
Mas mais alto e melhor do céu entoas
Teu furioso canto material!

Atlântico Sul, a caminho do Rio de Janeiro, 1960.


domingo, 14 de julho de 2013

A Morte - Pablo Neruda


" Quero estar na minha morte com os pobres que não tiveram tempo de estudá- la, enquanto os espancavam os que têm o céu dividido e arrumado".  Canto Geral, Neruda, Pablo.





Pablo Neruda


" ... NÃO escrevo para que outros livros me aprisionem, mas para singelos habitantes que pedem água e lua, escolas, pão e vinho. Escrevo para o povo ainda que ele não possa ler a minha poesia com olhos rurais". Neruda, Pablo. Canto Geral.









                                    










sexta-feira, 12 de julho de 2013

Antonio Candido



" As produções literárias de todos os tipos e todos os níveis, satisfazem necessidades básicas do ser humano, enriquecem nossa visão de mundo." Candido, Antonio.


Antonio Candido de Mello e Souza (Rio de Janeiro24 de julho de 1918) é um sociólogoliterato e professor universitário brasileiro. Estudioso da literatura brasileira e estrangeira, possui uma obra crítica extensa, respeitada nas principais universidades doBrasil. À atividade de crítico literário soma-se a atividade acadêmica, como professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
É professor-emérito da USP e da UNESP, e doutor honoris causa da Unicamp.














terça-feira, 9 de julho de 2013

Cantiga de esponsais: Machado de Assis



   Esponsais: São as cerimônias de casamento, ou seja, o noivado e a festa de casamento em que os noivos se tornam esposos.  A palavra "esponsais" tem a mesma origem que " esposo".





CONTO: Cantiga de Esponsais 

 Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Carmo, ouvindo uma daquelas boas festas antigas, que eram todo o recreio público e toda a arte musical. Sabem que é uma missa cantada; podem imaginar o que seria uma missa cantada daqueles anos remotos. Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacristães, nem para o sermão, nem para os olhos das moças cariocas, que já eram bonitos nesse tempo, nem para as mantilhas das senhoras graves, os calções, as cabeleiras, as sanefas, as luzes, os incensos, nada Não falo sequer da orquestra, que é excelente; limito-me a mostrar-lhes uma cabeça branca, a cabeça desse velho que rege a orquestra com alma e devoção.

Chama-se Romão Pires; terá sessenta anos, não menos, nasceu no Valongo, ou por esses lados. É bom músico e bom homem; todos os músicos gostam dele. Mestre Romão é o nome familiar; e dizer familiar e público era a mesma coisa em tal matéria e naquele tempo. "Quem rege a missa é mestre Romão" — equivalia a esta outra forma de anúncio, anos depois: "Entra em cena o ator João Caetano"; — ou então: "0 ator Martinho cantará uma de suas melhores árias". Era o tempero certo, o chamariz delicado e popular. Mestre Romão rege a festa! Quem não conhecia mestre Romão, com o seu ar circunspecto, olhos no chão, riso triste, e passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orquestra; então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso iluminava-se: era outro. Não que a missa fosse dele; esta, por exemplo, que ele rege agora no Carmo é de José Mauríciot; mas ele rege-a com o mesmo amor que empregaria, se a missa fosse sua.

Acabou a festa; é como se acabasse um clarão intenso, e deixasse o rosto apenas alumiado da luz ordinária. Ei-lo que desce do coro, apoiado na bengala; vai à sacristia beijar a mão aos padres e aceita um lugar à mesa do jantar. Tudo isso indiferente e calado. Jantou, saiu, caminhou para a Rua da Mãe dos Homens, onde reside, com um preto velho, pai José, que é a sua verdadeira mãe, e que neste momento conversa com uma vizinha.

— Mestre Romão lá vem, pai José — disse a vizinha.

- Eh! eh! adeus, sinhá, até logo.

Pai José deu um salto, entrou em casa, e esperou o senhor, que daí a pouco entrava com o mesmo ar do costume. A casa não era rica naturalmente; nem alegre. Não tinha o menor vestígio de mulher, velha ou moça, nem passarinhos que cantassem, nem flores, nem cores vivas ou jucundas. Casa sombria e nua. 0 mais alegre era um cravo, onde o mestre Romão tocava algumas vezes, estudando. Sobre uma cadeira, ao pé, alguns papéis de música; nenhuma dele...

Ah! se mestre Romão pudesse seria um grande compositor. Parece que há duas sortes de vocação, as que têm língua e as que a não têm. As primeiras realizam-se; as últimas representam uma luta constante e estéril entre o impulso interior e a ausência de um modo de comunicação com os homens. Romão era destas. Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si muitas óperas e missas, um mundo de harmonias novas e originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta era a causa única de tristeza de mestre Romão. Naturalmente o vulgo não atinava com ela; uns diziam isto, outros aquilo: doença, falta de dinheiro, algum desgosto antigo; mas a verdade é esta: - a causa da melancolia de mestre Romão era não poder compor, não possuir o meio de traduzir o que sentia. Não é que não rabiscasse muito papel e não interrogasse o cravo, durante horas; mas tudo lhe saía informe, sem idéia nem harmonia. Nos últimos tempos tinha até vergonha da vizinhança, e não tentava mais nada.

E, entretanto, se pudesse, acabaria ao menos uma certa peça, um canto esponsalício, começado três dias depois de casado, em 1779. A mulher, que tinha então vinte e um anos, e morreu com vinte e três, não era muito bonita, nem pouco, mas extremamente simpática, e amava-o tanto como ele a ela. Três dias depois de casado, mestre Romão sentiu em si alguma coisa parecida com inspiração. Ideou então o canto esponsalício, e quis compô-lo; mas a inspiração não pôde sair. Como um pássaro que acaba de ser preso, e forceja por transpor as paredes da gaiola, abaixo, acima, impaciente, aterrado, assim batia a inspiração do nosso músico, encerrada nele sem poder sair, sem achar uma porta, nada. Algumas notas chegaram a ligar-se; ele escreveu-as; obra de uma folha de papel, não mais. Teimou no dia seguinte, dez dias depois, vinte vezes durante o tempo de casado. Quando a mulher morreu, ele releu essas primeiras notas conjugais, e ficou ainda mais triste, por não ter podido fixar no papel a sensação de felicidade extinta.

— Pai José — disse ele ao entrar —, sinto-me hoje adoentado.

— Sinhô comeu alguma coisa que fez mal...

— Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica...

0 boticário mandou alguma coisa, que ele tomou à noite; no dia seguinte mestre Romão não se sentia melhor. E preciso dizer que ele padecia do coração: — moléstia grave e crônica. Pai José ficou aterrado, quando viu que o incômodo não cedera ao remédio, nem ao repouso, e quis chamar o médico.

— Para quê? - disse o mestre. — Isto passa.

0 dia não acabou pior; e a noite suportou-a ele bem, não assim o preto, que mal pôde dormir duas horas. A vizinhança, apenas soube do incômodo, não quis outro motivo de palestra; os que entretinham relações com o mestre foram visitá-lo. E diziam-lhe que não era nada, que eram macacoas do tempo; um acrescentava graciosamente que era manha, para fugir aos capotes que o boticário lhe dava no gamão — outro que eram amores. Mestre Romão sorria, mas consigo mesmo dizia que era o final.

"Está acabado", pensava ele.

Um dia de manhã, cinco depois da festa, o médico achou-o realmente mal; e foi isso o que ele lhe viu na fisionomia por trás das palavras enganadoras:

— Isto não é nada; é preciso não pensar em músicas...

Em músicas! justamente esta palavra do médico deu ao mestre um pensamento. Logo que ficou só, com o escravo, abriu a gaveta onde guardava desde 1779 o canto esponsalício começado. Releu essas notas arrancadas a custo, e não concluídas. E então teve uma idéia singular: — rematar a obra agora, fosse como fosse; qualquer coisa servia, uma vez que deixasse um pouco de alma na terra.

— Quem sabe? Em 1880, talvez se toque isto, e se conte que um mestre Romão...

0 princípio do canto rematava em um certo ; este , que lhe caía bem no lugar, era a nota derradeiramente escrita. Mestre Romão ordenou que lhe levassem o cravo para a sala do fundo, que dava para o quintal: era-lhe preciso ar. Pela janela viu na janela dos fundos de outra casa dois casadinhos de oito dias, debruçados, com os braços por cima dos ombros, e duas mãos presas. Mestre Romão sorriu com tristeza.

— Aqueles chegam — disse ele —, eu saio. Comporei ao menos este canto que eles poderão tocar...

Sentou-se ao cravo; reproduziu as notas e chegou ao ...

— Lá, lá, lá...

Nada, não passava adiante. E contudo, ele sabia música como gente.

Lá, dó... lá, mi... lá, si, dó, ré... ré... ré...Impossível! nenhuma inspiração. Não exigia uma peça profundamente original , mas enfim alguma coisa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento começado. Voltava ao princípio, repetia as notas, buscava reaver um retalho da sensação extinta, lembrava-se da mulher, dos primeiros tempos. Para completar a ilusão, deitava os olhos pela janela para o lados casadinhos. Estes continuavam ali, com as mãos presas e os braços passados nos ombros um do outro; a diferença é que se miravam agora, em vez de olhar para baixo: Mestre Romão, ofegante da moléstia e de impaciência, tornava ao cravo; mas a vista do casal não lhe suprira a inspiração, e as notas seguintes não soavam.

— Lá... lá... lá...

Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça embebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa, inconscientemente, uma coisa nunca antes cantada nem sabida, na qual coisa um certo  trazia após si uma linda frase musical, justamente a que mestre Romão procurara durante anos sem achar nunca. 0 mestre ouviu-a com tristeza, abanou a cabeça, e à noite expirou.






                                        http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000198.p



domingo, 7 de julho de 2013

Traduzir poemas em imagens - Ensino Médio


Sequência Didática

Antologias Poéticas: Gênero literário - Poesia

• na modalidade de organização didática, conhecida como “Atividade Permanente”, ou seja, ação pedagógica que se repete de modo regular, por exemplo, semanalmente ou quinzenalmente, com a finalidade
de permitir a convivência frequente e intensa com determinado gênero de texto, proporcionando aos alunos oportunidades de experimentar diferentes modos de ler, para que possam desenvolver estratégias diversificadas de leitura;

• no procedimento “Leitura Compartilhada” como lugar privilegiado de ler com o aluno conversando e construindo o sentido do texto.


RODA DE LEITURA COM POESIA


Introdução

           Que tal fazer um presente de natal ou de amigo secreto? Sugerir uma antologia, ou seja, uma reunião de textos prediletos, feita à mão ou impressa em computador. Os alunos podem transcrever poemas, poesias, fazer ilustrações, recortar, pintar, etc.Uma boa dica para comemorar o final do ano letivo é organizar uma" festa da leitura”, com a troca de antologias poéticas feitas por e para os alunos. Será uma bela recordação, e um excelente modo de registrar a história de leitura vivida por cada um neste ano. 


Recursos didáticos
Caderno de registro do aluno, coletânea de poesias.


Caderno de registro
            Cada aluno terá seu caderno de registro. Deste, constará a relação de obras lidas/analisadas/trabalhadas, como forma de elaborar uma memória das leituras feitas.


Organização da sala de aula

Explicar para os alunos a finalidade da atividade, bem como seu desenvolvimento.
Organizar com eles os livros a serem lidos, distribuindo-os entre os alunos. Propiciar momentos de leitura em pequenos grupos/duplas/ trios, outros, de leitura individual. Outros ainda em que todos da classe estarão envolvidos, de forma coletiva e, ao mesmo tempo. 


Desenvolvimento da atividade – tempo: 5 aulas

  1. Organizar o acervo selecionado para esse momento, de tal forma que as dupla/trio/pequenos grupos de alunos tenham um livro ou cópias retiradas da internet.

2. Começar o trabalho, solicitando que cada grupo analise seu livro, atentando para o título, o nome do autor, etc.

3. Pedir que alguns grupos falem sobre suas escolhas, mostrando seus livros ou pesquisas  para os demais colegas. Valorizar as hipóteses dos alunos, sem deixar de mostrar as inconsistências que possam ocorrer. Mostrar que o leitor proficiente, em situação de escolha livre, usa esta estratégia de leitura, por exemplo, na hora de decidir sobre a aquisição ou não de um livro: o “objeto livro” pode ser um primeiro contato que conquista ou não o leitor, especialmente, os mais jovens.

4. Fazer com os alunos a lista do que está sendo lido na classe, com o título dos livros, nomes dos autores, editoras  de tal maneira que saibam com qual acervo estão trabalhando, até mesmo para futuras leituras. A listagem pode ser feita, com cada grupo escrevendo os dados de sua obra, na lousa. Pode ainda ser feita no computador (quando for o caso) e, posteriormente, ser reproduzida para todos.

5. Provavelmente, os livros são coletâneas de poesias cujos títulos estão no sumário. Assim, solicite que os alunos leiam-no e escolham uma poesia para ser lido nesse momento.

6. Fazer uma ”RODA DE LEITORES”. É o momento de muita troca, pois cada um dos alunos deverá ler para os colegas. 

7. Propor, a seguir, alguns produtos que podem materializar leituras feitas pelos alunos. Eles podem transcrever poesias, fazer ilustrações, confeccionar cartões, desenhar, pintar, etc.

                                






Avaliação
O professor poderá ao final da última aula dada organizar a troca de antologias especialmente feitas por e para os alunos.


Outras leituras
Pesquisa na internet de outras poesias natalinas.


Conclusão
            O trabalho com o desenvolvimento de habilidade de leitura é um dos passos importantes para o estudo dos gêneros, visto que o aluno, ou qualquer pessoa, quando fala ou escreve em determinada situação de comunicação, está produzindo um gênero de texto. Os Parâmetros Curriculares Nacionais ( PCN ) insistem nesse tema, considerando como fundamental para o Ensino da Língua Portuguesa. Diferentes teóricos, como " Bakbtin," " Dolz," " Shneuwly,"  se ocuparam do estudo do tema, tanto do ponto de vista teórico quanto de sua aplicação escolar.
            De acordo com o que sugerem "Dolz e Shneuwly" em seu livro “Gêneros orais e escrito na escola “(2004 ), um estudo crítico e reflexivo foi desenvolvido com o objetivo de aplicar em sala de aula, procedimentos possíveis para o ensino de gêneros selecionados pelo projeto da escola.
            É importante considerar, a retomada de Modalidades Organizativas Permanentes, Sequência Didática, Leitura em voz alta, Roda de Leitura.
            Diante do que foi exposto durante as atividades, fica evidente que ensinar a ler vai muito além de ensinar a decodificar palavras em um texto. Ensinar a ler, significa ensinar os alunos a usar estratégias de leitura, como disse" Solé, Isabel" Estratégias de leitura. Porto Alegre. Artmed. 1998, na busca da construção e re (construção) dos significados de um texto, que são naturalmente empregadas pelos alunos ao fazer a leitura do mundo: observando, antecipando, interpretando o mundo que os rodeia.



 
Bibliografia de referência: Bandeira, Manuel. Berimbau e outros poemas. Olympio, José