A minha experiência com leitura se deu por volta dos meus quatro anos de idade quando entrei para o "Jardim da Infância" e a professora trazia vários livros de histórias, Chapeuzinho Vermelho, Os três porquinhos e outros clássicos da literatura infantil. Também me lembro que adorava quando a noite se aproximava e minha mãe me contava as maravilhosas histórias da Bíblia. Entre reis, rainhas e e lutas eu era Davi jogando a pedra em Golias em meus sonhos. Aos seis anos já era alfabetizado e dominava a leitura e escrita. Assim, quando ia ao açougue para minha mãe, desembrulhava a carne e ia lendo pelo caminho as notícias. Quando era sobre futebol, ficava torcendo pra saber sobre o Santos, meu time de coração, às vezes até rasgava o jornal e minha mãe ficava brava comigo. Entretanto, aos nove anos perdi a visão e, tudo ...tudo ficou difícil em relação à leitura e a escrita. Então, fiquei afastado da escola por aproximadamente quatro longos anos. Mas nem tudo estava perdido, a luz viria com a chegada de uma estudante de psicologia, que assim como eu, era cega. Me alfabetizou novamente no método Braille e assim pude voltar à escola, retomar meus estudos. Nesse período, alguém muito especial, dona Hilda, professora de português, reavivou em mim o interesse pela leitura, trazendo para a sala de aula os clássicos da nossa literatura. E comigo ela tinha um cuidado muito especial, pois antes de propor a leitura, verificava se havia aquele livro em braille. Atualmente pela carência de materiais em braille, busco outras alternativas como livros e revistas em áudio, dentro do possível. E ficaria muito feliz se essas obras especiais fossem produzidas em maior quantidade, pois facilitaria minha vida gerando independência na busca do prazer pela leitura.
Prof. Rudnei Pinto de Freitas
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