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segunda-feira, 29 de julho de 2013
Laços de antepassados
Com a mudança de um novo vizinho em frente à minha casa veio à tona lembranças tão distantes, que jamais ousaria recordá-las não fosse a interminável cantoria desse galo que pertence, é claro, ao novo vizinho.
A casa era rosa, parecia imensa, única de alvenaria naquele bairro. Uma menina corria alegremente naquele chão de terra vermelha, enquanto seu avô varria as folhas e miúdas flores caídas no degrau da casa. Em seguida, ele sentava nesse mesmo degrau, tirava do bolso um canivete, desenrolava um lenço malcheiroso, pegava o fumo de rolo e passava horas e horas cortando bem fininho aquele pedaço de fumo.
Sua avó chegava de mansinho, trazendo na caneca de alumínio, o café que acabara de passar no coador de pano. " Zé, cadê a palha? '' Sem falar nada, retirava de uma lata enferrujada dois pedaços de palha bem cortados e entregava a ela, que enrolava o fumo e fazia os cigarros. Quase sem diálogo, o casal acendia os ''paeiros ", a menina parava de correr, sentava e rabiscava o chão.
Silêncio. Ausência. Abandono.
Ah! ...o galo!? Que importa?
Rosana Silva
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